Nesse post, vamos conhecer um pouco sobre a história de Chiquinha Gonzaga, a ilustre compositora e maestrina carioca, que também se destacou por seu pioneirismo na luta pelas liberdades no país. Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu no ano de 1847, da união entre uma filha de escrava liberta e um militar. Francisca aprendeu a tocar piano sozinha ainda criança, ao mesmo tempo que estudava para ser dama de salão. Aos 16 anos, Chiquinha se casou com o empresário Jacinto Ribeiro do Amaral, em um casamento arranjado por seu pai.
O casamento não impediu a jovem de se manter determinada quanto ao estudo do piano. Entretanto, seu marido não gostava da relação de Chiquinha com a música e exigia que a moça deixasse sua carreira de lado, o que a fez abandonar o casamento e passar a viver com o engenheiro João Batista de Carvalho. Após ser traída por seu novo marido, a pianista se divorciou, gerando duras repercussões e escândalos em meio à sociedade da época. Além disso, Chiquinha perdeu a guarda de seus filhos e não recebeu apoio de sua família. Nesse período, a pianista se jogou na vida boêmia: nas festas, fumando e tocando, chamava a atenção por não corresponder com o que era esperado de uma mulher e mãe.
Em um contexto de condenações morais e desgostos pessoais , a jovem passou a se dedicar cada vez mais ao instrumento, que funcionou como válvula de escape para os rumores que a rodeavam. Fica claro que desde o início, a carreira de Chiquinha Gonzaga foi marcada por opressões da sociedade patriarcal e colonialista do período regencial e à luta abolicionista. Isso porque, na época, a profissionalização da mulher como músico, principalmente a música de dança para consumo nos salões, era algo extremamente inédito.
Chiquinha Gonzaga foi uma das principais embaixadoras do gênero musical maxixe, dedicando outras composições para o chorinho, a polca e o tango brasileiro; ritmos que mais tarde, serviram de base para a origem do samba. A artista começou também a escrever para teatro de variedades e revista, fundando mais tarde a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Em 1885, quando Chiquinha regeu uma orquestra pela primeira vez, a imprensa não sabia o que escrever nas notícias, já que a palavra "maestrina" não existia no seu vocabulário.
Suas composições mais famosas foram “Ô abre alas”, “Atraente”, “Lua Branca” e “Corta-Jaca/Gaúcho”. A participação da pianista no cenário musical brasileiro foi fundamental para a definição da identidade da música nacional no início do século XX. Através de sua coragem e determinação, a compositora abriu caminhos e ajudou a definir os rumos da música propriamente brasileira, sendo eternizada na história do país.
Clique aqui e ouça a gravação da compositora tocando o tango “Corta-Jaca”: https://www.youtube.com/watch?v=CCJEoipuKco.
Clique aqui e ouça “Ô abre alas”, a tradicional marchinha de carnaval de autoria da pianista: https://www.youtube.com/watch?v=ll-n8YxbunU.
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